quarta-feira, 19 de novembro de 2008

máquina viva

Esse A-POC me remete à figura que morin utiliza para construir noção de complexidade. Primeiramente trabalha com o sistema aberto, caracterizado pelo paradoxo do desequilíbrio alimentador, em constante contato com o seu meio ambiente. Uma vela, um turbilhão...Em seguida, se vale do conceito de máquina viva (de Von Neumann), transpondo a noção de uma organização essencialmente material/energética ao inserir a questão da informação. É uma figura conceito que representa uma organização complexa, formada por componentes inconstantes e instáveis, que constituem um todo, um organismo auto-eco-organizado. Auto por suas relações internas, próprias, e eco por sua troca com o meio ambiente. 


Essa figura-conceito é para mim o ponto forte do texto de Morin, a partir dela podemos refletir sobre as diversas formas de conhecimento e o emaranhado de relações que as estabelece. O dinamismo imprevisível da nuvem de Karl Popper em contraponto ao determinismo de um relógio. Ainda que esse debate venha do discurso científico, tem grande relevância para alimentar pensamentos em diversas áreas. 

Por fim, como podemos trabalhar com a idéia da nuvem ? Como os sistemas dinâmicos e as máquinas vivas podem contribuir como forma de pensamento e  criação ?
 
Tenho algumas idéias...mas fica pras próximas postagens. 

4 comentários:

Douglas disse...

O que é a núvem de Popper?
Parece interessante, mas ainda não entendi.

Douglas disse...

"noção de uma organização essencialmente material/energética ao inserir a questão da informação"

o sr. poderia explicar um pouco mais isso? Como essa "questão da informação" cria uma organização?
seria ela o elemento que une ou rege os seres inconstantes e instáveis do sistema?

"Como os sistemas dinâmicos e as máquinas vivas podem contribuir como forma de pensamento e criação ?"
Ainda estou pensando sobre isso...

Pedro disse...

1 quanto à nuvem de Popper
"my clouds are intended to represent physical systems which, like gases, are highly irregular, diordely, and more or less unpredictable" (Karl Popper, filósofo da ciência, discursando na Universidade de Washington, Abril de 1965)
Entenda o relógio x nuvem como determinismo x não-determinismo. Um choque de paradigmas para interpretação da realidade, e portanto para os diversas formas de conhecimento que buscam reconhece-la.
(fonte - Complexity: design strategy and world view. Editores: Andrea Gleininger e Georg Vrachliotis)

Pedro disse...

2 a informação
Entendo que o Morin avança do sistema aberto à máquina viva depois de assumir o conceito da informação, almejando sempre uma figura mais complexa.

Basta comparar o modelo físico da vela acesa (sistema aberto) com o de um organismo (por exemplo uma pessoa) e imagine como o dna leva as relações entre as partes (auto e eco) a um nível mais avançado. Pense na relação da célula, que contém informação sobre o todo (dna), mas que é apenas um pequeno componente instável, que morre, é substituído, se transforma, etc. Enquanto isso, o conjunto se torna mais confiável e estável, apesar da inconstância de seus elementos constituintes (células).

Essa relação é totalmente distinta de uma máquina artefato (por exemplo um motor de carro), em que as partes possuem autonomia e uma função muito determinada, mas o todo se torna menos confiável, pois a falha de um elemento leva ao colapso do conjunto.

Tenta pensar a informação dentro desses exemplos, sempre enfatizando a organização dos elementos e você estará próximo dos 3 princípios da complexidade de Morin. Pode deixar que no próximo post tentarei ser menos academicista e vou entrar nas possíveis contribuições.