sábado, 29 de novembro de 2008

A Complexidade de Edgar Morin

A complexidade tem seu terreno na ciência, apesar desse termo ser mais comum na vida cotidiana. Na ciência, sua função é bloqueadora, mas não negativamente, uma vez que atribuir complexidade a um determinado tópico faz com que ele seja examinado cautelosamente, não seja tratado com extrema simplicidade e reducionismo muito rapidamente (Morin, 2005, pp. 46-7).

Ainda de acordo com Morin, a complexidade tem sua origem na dialética hegeliana, que introduziu a contradição e a transformação no âmago da identidade (Morin, 2005, p. 47). Independentemente de sua base filosófica, a complexidade na ciência pode embasar fenômenos, fatos e objetos quaisquer, uma vez que não compreende apenas quantidades e interações limitadas pelas possibilidades de cálculo disponíveis, mas também compreende incertezas, indeterminações e fenômenos aleatórios (Morin, 2005, p. 49).

Essa definição de Morin esclarece o conceito de complexidade e sua importância para a ciência abruptamente. Em face a qualquer fenômeno de massa, sejam grupos humanos, de formigas ou entidades virtuais, sejam células, átomos ou partículas sub-atômicas, não se pode considerar a manipulação de uma entidade única como verdadeiramente esclarecedora, uma vez que ela em si não é capaz de produzir os resultados que as coletividades em cada uma dessas instâncias gera, bem como não se pode modelar exatamente o comportamento dos grupos, pois todos eles são afetados por fatores aleatórios ou de difícil previsibilidade. As formigas podem ter seu formigueiro devastado por uma grande tormenta, os grupos virtuais podem ter sua comunidade invadida por um hacker, as células podem sofrer mutações por razões que até atualmente a ciência médica não conseguiu isolar. Em face a todas essas abordagens, a complexidade parece um meio de estudo científico desses temas.

Morin também menciona a falência do modelo científico clássico, apenas mascarada pela sua boa capacidade de manipulação (Morin, 2005, p. 72). E nesse ponto, em que sua Introdução se torna um fervoroso manifesto ao seu pensamento, Morin descreve a Scienza Nuova, não como uma negação do modelo clássico, mas como uma anexação dele, que em sua intenção manipulatória, é dito reducionista pelo autor.

Referência bibliográfica:

Morin, E. (2005). Introduction à la pensée complexe. Paris: Seuil.

Gráfico de saída de software gerador de formas produzidas por linhas conexas aleatórias
(pelo grupo de pesquisa, 10/2008)



Nenhum comentário: